Enquanto as máscaras africanas e da Oceânia tiveram desde sempre direito a numerosas exposições e publicações no Ocidente, as máscaras asiáticas são ali muito pouco conhecidas. A moda das primeiras está ligada ao entusiasmo de artistas modernos como Picasso que viram nelas uma fonte de inspiração (cf. Les Demoiselles d’Avignon), de surrealistas como André Breton e a estudos de etnólogos que permitiram uma melhor compreensão do seu significado e das suas funções.
Além disso, os Europeus, ao partilharem a África e a Oceânia, puderam utilizá-las livremente. Essas condições nunca se verificaram na Ásia, donde a ignorância neste domínio, pese embora algumas excepções. No entanto, ainda que as máscaras asiáticas estejam muitas vezes ligadas a ritos religiosos que tendem a cair em desuso no mundo moderno, em particular nas grandes cidades, as máscaras continuam a fazer parte das culturas asiáticas vivas, tanto mais que foram retomadas por géneros de teatro mais ou menos desembaraçados da sua origem religiosa.
A Colecção Kwok On da Fundação Oriente que engloba cerca de 500 máscaras, permitiu organizar em 2007, na Abadia de Daoulas, em França, a primeira grande exposição de máscaras asiáticas no Ocidente a fim de mostrar a variedade e a sua beleza estética. A presente exposição de mais de duas centenas de máscaras da Índia, Sri Lanka, Tailândia, Indonésia, Tibete, China, Coreia e Japão permite já fornecer uma ideia da sua diversidade.
As máscaras que se apresentam são, com efeito, muito diversas e feitas de materiais muito diversificados; algumas são esculpidas em madeira, outras em papier mâché, outras ainda são feitas de tecido ou de metal. Algumas cobrem toda a cara e são em três dimensões, como as máscaras chinesas de dixi e a de Okina, no Japão, outras são espalmadas, como muitas das máscaras tibetanas do teatro laico, outras ainda são máscaras-capacetes em que entra toda a cabeça, como as do tetaro khôn da Tailândia. A sua função é a de dar uma imagem quer de seres divinos ou demoníacos, não humanos, quer de animais, míticos ou não, que intervêm nos rituais ou nas peças, quer ainda de tipos sociais, muitas vezes para sublinhar os traços no limite da caricatura, como no kôlam do Sri Lanka, nos sainetes coreanos ou em certas procissões japonesas. Usam-se em cerimónias religiosas, sobretudo em rituais de exorcismo, e nos teatros cujas representações deixaram de ter carácter religioso. Mais importante é a sua qualidade estética capaz de atrair o olhar mesmo daqueles que nada conhecem das culturas asiáticas. As máscaras decoradas de plumas do chauu de Purulia, na Índia, as máscaras do Sri Lanka, as do topeng de Bali, as do nuoxi da China, as do nô do Japão são exemplos de objectos que deveriam fazer parte da História da Arte.